sábado, fevereiro 25, 2006

A Fé de um Povo… de um País… do Mundo Inteiro!

È impressionante! Uma nação inteira, que se identifica como laica, ter a oportunidade de três canais de televisão, um do estado laico e sem religião, e dois independentes, várias rádios e diversos meios de comunicação social escritos, fazerem de um dia normal de Domingo, chuvoso e frio, um dia dedicado inteiramente a Fé Católica.
A Igreja Católica não precisa de se afirmar colocando grandes outdoors, fazendo publicidade dispendiosa na televisão ou tentar oferecer algo para “vender um produto”. Basta um acontecimento singelo, como a transladação de um corpo de uma mulher simples, para que toda a sociedade indague sobre o assunto e veja a programação de Domingo toda alterada a dar ênfase a uma transmissão única de celebrações religiosas católicas, com depoimentos de figuras publicas dos mais diversos quadrantes sociais.
Mas se é impressionante participar através da televisão a estas imagens, mais íntimo e grandioso é poder estar in loco, sentir as pessoas, as suas manifestações, os seus apelos… pessoas que rezam, choram… querem chegar perto, tocar, beijar, deitar flores… as pessoas simples, anónimas, do povo, que acreditam, que têm a certeza que tudo a que assistem é parte de um milagre que é a vida e que é a manifestação do próprio Deus ao Mundo.
Para se ser cristão e católico não é dogma de fé a experiência vivida em Fátima por três crianças. No entanto passar por aquele lugar, onde desde há noventa anos milhares de pessoas peregrinam à procura de uma cura, de um milagre ou para dar graças a Deus e à Virgem Maria por graças concedidas, é um oportunidade de experimentar uma fé mística, simples e ao mesmo tempo grandiosa.
Fátima é um lugar de oração onde a paz impera e o silêncio convida à capacidade de interceptarmos o stress do dia-a-dia com uma lufada de ar fresco que nos dá oxigénio para respirarmos um mundo melhor.
A mensagem de Fátima é principalmente um convite à oração, à capacidade de sermos homens e mulheres melhores, ao reconhecimento de nós mesmos e das nossas falhas. As três crianças foram a forma mais simples de esta mensagem chegar até nós com uma linguagem acessível e pura como é a dos pequeninos, pois é deles o Reino dos Céus.
A irmã Lúcia, uma das videntes, viveu e contou inúmeras vezes como quão belo foi aquele momento. Viveu na clausura mas esteve sempre perto de todos pela oração. E, assim como todos os humanos, teve o seu tempo de peregrinação entre nós, cumpriu a sua missão e Deus chamou-a para junto d’Ele e da Virgem Maria.
Passados poucos dias de completar um ano de partir para junto de Deus, a Igreja translada os seus restos mortais, as suas relíquias, para aquele local maravilhoso que tantas vezes calcorreou e brincou, entre vales e serras, e onde teve a oportunidade de ter a graça da visão de Nossa Senhora e onde pode repousar junto dos seus primos e perto de todos os que por lá passam à procura de um destino, de certezas, de encontros e de desencontros, de paz interior e de graças.
Não é este acto que me impressiona, mas é a força viva da fé que move milhares de pessoas, que as faz sair de casa, num dia chuvosa e frio, passar montanhas e vales percorrendo centenas de quilómetros, estar todo um dia a tentar guardar o melhor lugar e exclamar alto, com voz simples, humilde e sincera, voz do povo e de todos… “Olha ali vai nossa Senhora”!
E as lágrimas escorrem-lhes pelo rosto, os lenços brancos transmitem um sinal, de que cada uma delas está ali e assinala a sua presença mostrando que se se despede. Mas não é para sempre. É até um dia. Onde? Só Deus sabe. Um encontro que acaba e começa. Uma fé que se fortalece e se transforma.
No meio desta multidão é impossível estar imparcial e não sentir nada. É impossível não haver comoção e não transpor interiormente a vida à grandeza de Deus. É impossível não sentir como somos fracos e pequeninos e que o que queremos é ser acolhidos e fazermos parte de um encontro. Como é este encontro? Cabe a cada um de nós descobrir. Mas será mais fácil se vivermos cada dia da nossa vida com a certeza que quem a Deus tem nada lhe falta, pois só Ele basta.