sexta-feira, dezembro 09, 2005

Um povo que procura...

Foi só no mês passado, que uma multidão de centenas de portugueses percorreram algumas avenidas da nossa capital, expressando um sentimento único de fé, esperança e desejo de ir ao encontro com Deus. Fui uma manifestação de fé, única nos anos que nos antecederam.
Há bem pouco tempo, não sendo um caso de rara excepção, um povo foi ao encontro das suas necessidades e do seu bem-estar na fé católica e encerrou um sacerdote, não o permitindo sair da sua Igreja.
Um mesmo povo que segue a Jesus pelas ruas de Lisboa, anunciando uma nova evangelização e tentando um novo conceito de encontro de Cristo Vivo com a humanidade, um povo da mesma seiva não percebe que Deus vem para todos e que ninguém é de ninguém, mas sim está ao serviço da construção de um mundo melhor, mesmo que para isso peregrine hoje aqui e amanhã acolá.
Mas também é este povo que parece assistir, impávido e sereno, à notícia que os crucifixos sejam retirados das escolas públicas, pertencentes a uma república e a um estado que deve ser laico, sem qualquer relação com nenhuma religião.
É certo que um estado republicano deve ser laico e acolher a todos por igual, mas também é certo que a cultura e a identidade de um povo passa pelo seu passado e pela sua tradição. É certo que todo o estado goza as interrupções religiosas do nosso calendário baseadas na tradição cristã do nosso povo. É certo que as nossas escolas laicas, as nossas repartições públicas, as nossas cidades republicanas se enfeitam, com luzes e presépios, fazendo representações vivas, para lembrar a quadra do Natal que celebra o nascimento de Jesus Cristo, que celebra a humanização de Deus junto do Seu povo, que é uma festa por excelência dos cristãos.
Se queremos ser livres e independentes, teremos de nos afirmar com o que é nosso, com a nossa identidade e cultura. Temos um passado enquanto nação. Temos um encontro com homens e mulheres que deram nome ao nosso passado e prevalecem pelo futuro. Queremos inserir-nos numa Europa que quer ser renovada mas que não pode apagar a sua identidade, a sua cultura e o seu passado. Um estado é laico. Não tem religião. Não aceita uma fé estatal. Mas ergue em pedestais pelas suas cidades, símbolos do passado. Ergue figuras que marcaram épocas. Também a figura de Jesus Cristo é histórica. Alguém que nasceu, viveu e morreu. Deixou uma mensagem. Entende-la, cabe à fé de cada católico. Mas lembra-lo como homem não faz mal a ninguém.

domingo, novembro 13, 2005

A igualdade na diferença…

A sociedade não se encontra, não se conhece, não aceita a diferença. O mundo está à beira de entrar por uma caminho de caos e influências por parte dos mais poderosos. Os últimos dias em França mostram-nos que todos somos vulneráveis e que todos temos o direito à aceitação, à igualdade, à diferença e ao encontro de culturas e crenças.
O ser humano é algo maravilhoso de mais para ser abatido e reprovado. Mas estamos cada vez mais a distanciarmo-nos dos valores de união e gratidão, de paz e concórdia, de amor entre todos.
A vida parece que não vale nada e que, como dom maravilhoso que nos foi concedido, é posta à margem de um desencontro total.
A Europa que se quer agregada desencontra-se dos valores ocidentais e europeus de cidadania, históricos e concretos do passado. Nada valem as cimeiras de paz, os pedidos de perdão às dívidas dos países mais pobres, os pedidos de justiça e fraternidade... Os homens e mulheres que encabeçam a luta pelos desfavorecidos são considerados heróis mas depressa o mediatismo que os eleva também os segrega e abafa.
As pessoas, os actos e as palavras em prol da humanidade são um encontro total com os valores do ser humano, como individuo integro e completo, sinal da vida e do dom que Deus trás à humanidade.
Um encontro com os desfavorecidos, os emigrantes, os que falam outras línguas ou têm a cor da pele diferente da nossa deve ser a bandeira da nossa existência… de cada ser individual e do grupo humano como um completo de saberes e de intenções de paz e bem.

Se assim tentarmos viver este mundo será mais justo e solidário e tornar-se na terra uma amostra do céu.

terça-feira, agosto 16, 2005

Parar e descobrir

que a natureza é perfeita e que fomos criados por um Ser superior a tudo e a todos e que nos deixou livres para optarmos o caminho a percorrer. Mas muitas vezes a natureza prepara surpresas e teremos de estar preparados para aceitar os designios de Deus. Quando surge um problema tentamos evitar as consequências e pensamos que a nossa vida está sem saída e esquecemo-nos de que Deus nunca nos abandona. Tentamos todas as saídas menos as mais obvias.
Há um conto que diz mais ou menos o seguinte: Um homem está a afugar-se e rejeita todas as ajudas humanas (um barco, um colete salva-vidas, um helicoptero) argumentando que Deus o irá ajudar. Entrentanto o homem morre e quando chega junto de Deus pergunta-lhe porque é que não o ajudou naquele momento dificil. Deus responde-lhe que lhe mandou todas as ajudas e o homem é que não as soube reconhecer como uma bênção.
Certo dia disse Cristo a Pedro para ir ao Seu encontro caminhando sobre as águas. Quando Pedro caminha sobre as águas começa a ter medo e a afogar-se. Cristo diz-lhe para não temer, manter a fé e ir ao Seu encontro.
Na nossa vida quantos momentos destes não acontecem? Achamos que o mundo termina e todas as opiniões são no sentido contrário à nossa consciência. Mas se todas as opiniões apontam numa direcção, então Deus tem de estar presente naqueles que nos indicam esse caminho.
Então temos de avançar sem medo e tranquilos. Conscientes de que nunca estamos sozinhos. Que o que está predestinado para a nossa vida seguirá o rumo certo.
Os verdadeiros amigos nunca falham.
Um obrigado a todos

terça-feira, julho 19, 2005

Formar e Informar
Todos temos consciência de que para sobreviver precisamos de estar informados e bem formados de modo a respondermos às solicitações da sociedade. Mas nem sempre estamos preparados para partilhar com fundamento as nossas opiniões de modo a colaborarmos na construção de um mundo com alicerces bem implantados.
Todos devemos construir uma opinião com base nas descobertas que fazemos, no entanto, enquanto crianças, adolescentes, jovens e adultos temos a oportunidade de partir à descoberta de novos saberes e de orientar a nossa vida numa cruzada de encontros e desencontros com as ciências que nos regem.
Essa oportunidade é-nos dada com a vida que temos. Mas será que a aproveitamos? Será que encontramos a nossa orientação para uma melhor formação e capacidade de estarmos informados?
Numa pequena estória talvez encontremos a razão pela qual as crianças e os adolescentes de hoje não encontram orientação para partirem à descoberta dos seus sonhos. Uma criança de pai incógnito ou de quem não se sabe o paradeiro e a mãe incapacitada mentalmente de orientar as suas crianças. Vive com uma avó que não sabe ler nem escrever e que representa na escola o encarregado de educação que é um familiar que vive longe e mal aparece para se encarregar da educação daquela criança.
Quantas famílias não são assim? Quantas crianças não vivem desencontradas dos seus encontros?
Não é possível construir uma sociedade alicerçada na formação e na informação quando se permite que uma criança cresça sozinha sem um apoio salutar dos mais próximos e se permita que apenas a escola e alguns dos seus intervenientes façam o trabalho todo.
A sociedade e toda a comunidade educativa têm de intervir activamente no crescimento de todos os cidadãos, mas também é necessário que os mais próximos de cada um tenham um papel preponderante na construção de um mundo melhor. Se esses não estão capacitados então teremos de reformular as nossas escolas, o nosso ensino e os docentes terão de se ocupar, num regime de tutorado, de alguns casos mais desfavorecidos de modo a que as crianças e os adolescentes aprendam a sonhar, a crescer, a viver e a procurarem a sua formação com coerência e sedimentada na rocha e não na areia.
Por vezes alguém diz que estamos perante uma “geração rasca”. Talvez não seja esta geração que é rasca por natureza, mas são os mais velhos que se esquecem que eles existem e que precisam de encontros e desencontros para aprenderem que a vida é bela e não vale a pena desperdiçá-la.

sábado, julho 09, 2005

Julia Navarro termina assim o seu primeiro romance “A irmandade do Santo Sudário”: "...sabendo que ninguém controla o passado, que não o podemos modificar, que o presente é um reflexo do que fomos, apenas isso, e que só há futuro se não recuarmos um só passo."

Esta ideia identifica de uma forma simplificada a razão de viver de cada dia. Enquanto nos for permitido acordar de manhã e partir à descoberta de um novo dia...de novos (des)encontros, temos a possibilidade de tornar este mundo mais justo e solidário. Niguém consegue modificar o passado e o que está feito, feito está, no entanto deve servir para prepararmos um futuro melhor no qual não tenhamos necessidade de repensar nas estratégias. Enquanto nos for permitido acordar neste mundo devemos sair à rua e não ter medo da vida, mesmo que existam indivíduos que se julguem superiores e que queiram fazer com que uma sociedade sólida de desagregue e fazem com resultem as intenções do 11 de Setembro, 11 de Março ou o 7 de Julho. Muitos de nós temos alguém superior com quem nos identificamos e com quem travamos encontros diários e imediatos numa constante acção de graças pelo dom maravilhoso que é a vida. Talvez nos seja possível viver com os infurtuitos da sociedade. E se acreditamos nunca duvidemos que Ele está sempre connosco. Saber viver é conseguir ultrapassar as vicissitudes da vida, fazer de cada dia um reflexo daquilo que somos e olhar para a frente sem medo de avançar e tomar decisões.

sexta-feira, julho 01, 2005

Aprender a dizer adeus...
Quando se deseja uma coisa, tem-se que renunciar a outra. Quem sabe se viver em plenitude não é uma despedida contínua do que fomos para acolher o que seremos.
Quando deixamos de ser crianças despedimo-nos do rapaz e da rapariga para dar as boas vindas ao homem e à mulher, o que constitui um acto de amor e generosidade. Faze-lo na nossa própria juventude para acolher o amadurecimento é sinal de reconhecimento do nosso próprio processo vital.
Terminar uma relação com um amigo, um companheiro, alguém que nos é íntimo, é ter aprendido a querer-se e a proteger-se a si próprio, para desfrutar daquilo que a vida nos pode dar.
E aquela relação pode ser familiar, íntima, social, profissional, religiosa...
Quanto maior for o conhecimento de nós próprios, quanto maior for a nossa capacidade de amar quando valorizamos o outro sem nos confundirmos com ele, quando não lhe exigimos mais do que aquilo que pode dar, quando reconhecemos quem nos faz mal e somos capazes de tirá-lo da nossa vida, temos amadurecimento para ir ao encontro de novas prespectivas e de talvez de novos desencontros com a vida e com os outros...