segunda-feira, julho 24, 2006

O grande mistério da vida…

Quantas vezes se escolhem caminhos e se tropeça durante o percurso? Quantas vezes se cai e o levantar para a vida parece que surge ao fundo de um túnel, inacessível e incompleto? Alguém disse que não importa tropeçar nem cair, só importa o tempo que se demora a levantar e voltar a andar. Voltar a andar num caminho verdadeiro e justo, no qual se dá tudo por aquele que se ama. Atrevermo-nos a dar um passo neste sentido permite-nos uma descoberta de generosidade pelo outro, assumindo o que é importante e verdadeiro, e sempre que o conseguimos fazer ganhamos em liberdade interior, em confiança, em realização pessoal e em coragem. Deste modo, com prudência e ponderação, vive-se um encontro verdadeiro, percebendo que cada indivíduo, criatura de Deus, é único, com limitações, com percursos e tempos próprios de amadurecimento.
Estar em coligação intrínseca com o outro é estar em sintonia com o Criador. Cada ano da nossa vida, cada mês, cada semana, cada dia, cada hora, cada intervalo de tempo mínimo a tender para o nulo, pode dissolver-se nesse mesmo instante e aquele momento que se tentava tornar único eclipsa no universo como que num buraco negro sem retorno nem memória.
Mas se realmente nos encontramos com o verdadeiro sentido da vida, o da dádiva na alegria do ressuscitado, o da dádiva gratuita ao outro, à vida e ao criador, esse encontro torna-se verdadeiro, dissolve-se o superficial e o que é importante permanece, oferecendo-nos autênticas memórias verdadeiras.
Neste contexto, o que está para trás não é um passado esquecido, mas um conjunto de telas, harmonia das nações, que constantemente suportam o presente, a mais bela dádiva de Deus a cada um dos Homens ao rair do Sol, que brota sobre a noite escuro de sonhos únicos, com cheiros e sabores, que surgem do nada, inesperadamente, quando circulamos pelo passado no presente.
O tempo não passa nem termina. O tempo vai-se transformando, dando a possibilidade de se fazerem leituras dos seus sinais àqueles que são verdadeiros e justos, àqueles que se preocupam com o grande mistério da vida.
Nunca se diga que acabou, mas exploremos no mais fundo da nossa consciência o que ainda falta propor para transformar a vida e actualizar o nosso eu perante as necessidades actuais.
Perante os encontros verdadeiros, necessários para nos continuarem a trazer memórias reais, sonhos com cheios e sabores, fotografias únicas da vida, devemos ter uma postura ponderada e prudente e não lamentarmos que caímos, mas dar-mos importância ao tempo que demoramos a levantarmo-nos e a voltamo-nos a andar. As quedas ajudam-nos se não ficarmos estanques a olhar para um passado que se torna distante e vazio.
Levanta-te, sobe às alturas e vê a alegria que vem do teu Deus.
Levanta-te, sorri todas as auroras ao Sol que se levanta.
Levanta-te, corre em direcção ao futuro, sobre o presente único de cada momento fortalecido pela memória verdadeira e constante dos momentos imediatamente anteriores que só se tornam verdadeiros se forem vividos com dedicação, prudência e ponderação.
Levanta-te e vê a alegria do grande mistério da vida que teve um princípio mas não tem fim.
Levanta-te e vê a alegria que vem do teu Deus.

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